sábado, 24 de outubro de 2009

Dom Quixote


Irreverente, educado, virado em grande cavaleiro medieval… era um Dom Quixote por excelência. Tantas lutas travadas, tanta abnegação, benevolência. Era ele! Sempre com a espada em riste para defender, para lutar por uma grande causa. Esquecia-se, porque o mundo e todas as pessoas nele eram mais importantes. Então, como um raio ou um trabalho bem feito de macumba, se pôs aos pés dela. Ela que aparecia em suas vistas com um sol. Ela que aquecia seu coração.
Foram cinco anos carregando o coração maltratado. Sim, é possível contar com apenas uma mão cheia de dedos o tempo dessa história. Nesse tempo, ele sofria. Tão difícil perceber que ela não era Dulcinéia. Ele procura acreditar. Quer se enganar? Difícil dizer... ainda briga, pisa em brasa, rasteja e se dilacera para vê-la sorrir. Ainda se esquece. Porque o mundo e todas as pessoas, especialmente ela, são mais importantes do que ele mesmo.
Quando a loucura permitirá que seus olhos se abram, para que possa enxergar que ela não é a Dulcinéia? Quando acordará desse estado de torpor, para subir em seu cavalo e buscar a real e doce Dulcinéia? Quando se lembrará de si? Quando?

Um comentário:

Lian Tai disse...

Mas não é sempre assim o amor? Inventamos a pessoa amada...
Adorei o texto!