domingo, 11 de novembro de 2012

Ops!

Ele se despediu rápido, chamou o elevador e virou o rosto, de forma a escondê-lo.
- Hei... o que houve?
Ele não deu atenção. Mas ela insistiu. Colocou a mão nos ombros dele e pediu que ficasse mais um pouco.
- Você sabe que estou indo embora amanhã. Por favor, não se despeça assim... converse comigo.
Ele a olhou com os olhos marejados e disse que não era nada.
- Como pode não ser nada? Você está vazando água salgada!
Ele sorriu. Um sorriso triste. Entrou novamente no apartamento, sentou no sofá e a puxou para perto dele, beijando-lhe a testa.
- Isso está difícil. Só te vejo esporadicamente, nunca há certeza de nada. Essa distância... eu nunca me senti assim com ninguém... você não sabe como está difícil.
- Eu não sei?
Ela sorriu contrariada e olhando atentamente nos olhos dele.
Ele, sem jeito e tentando se desculpar, a beijou.
- Eu estou completamente apaixonado por você!
- É...eu também. Eu estou completamente apaixonada por você! Que merda!
- Tão romântica! Adoro esse romantismo. - Ele ria.
- Eu não planejei isso. Era pra ir levando... só brincadeira.
- Eu sei. Também não planejei, mas acabei fascinado.
- Ops! Foi mal. - disse ela, sorrindo.
- É... a vida gosta de pregar peças. E agora?
Ela continuou olhando para ele, tentando gravar na memória cada traço daquele rosto, tentando guardar o exato local da covinha, que aparecia quando ele sorria.
- Agora... voltamos a sentir o coração partido e a saudade arder até que o tempo conserte esse estrago que a distância causa... essa bobagem que a vida fez!
- Você tá vazando água salgada também. - Disse ele, aconchegando-a em seu peito num abraço terno.
A garganta queimava. Ela tentava engolir o choro, como fazia quando criança ao levar bronca após alguma traquinagem.
- Eu sei. Merda!